Nascida e criada em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul, Simone Tebet construiu uma trajetória impressionante no campo da educação cultural, transformando a maneira como o Brasil vê e valoriza suas próprias raízes. Sua jornada, marcada por dedicação e visão inovadora, nos mostra como uma menina do interior tornou-se referência nacional em projetos que unem educação e cultura.
Os Primeiros Anos e a Formação Cultural
Filha de professores apaixonados por literatura, Simone cresceu cercada de livros e histórias sobre a rica diversidade cultural brasileira. Desde cedo, mostrava fascínio pelas manifestações culturais locais, como o Cururu e o Siriri, danças típicas da região pantaneira.
Formada em Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Simone não seguiu o caminho tradicional da advocacia. Seu interesse pelo desenvolvimento cultural a levou a especializar-se em Gestão Cultural pela USP e, posteriormente, a concluir mestrado em Educação Cultural na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
"A educação não pode ser separada da cultura. Quando unimos esses dois elementos, criamos cidadãos completos, capazes de valorizar suas raízes enquanto olham para o futuro."— Simone Tebet, durante palestra na Bienal do Livro de São Paulo, 2022
O Nascimento de um Sonho: Brasil de Histórias

Em 2005, Simone iniciou o que seria seu projeto mais emblemático: "Brasil de Histórias". A ideia surgiu quando, visitando escolas no interior de seu estado, percebeu que muitas crianças conheciam mais sobre culturas estrangeiras do que sobre suas próprias tradições regionais.
O projeto começou modestamente em três escolas de Três Lagoas, com Simone e uma pequena equipe de educadores visitando salas de aula para contar histórias e lendas brasileiras. Logo, incorporaram artesãos e mestres da cultura popular para demonstrações práticas.
O diferencial do "Brasil de Histórias" era seu formato integrado ao currículo escolar. As manifestações culturais não eram tratadas como atividades extracurriculares, mas como ferramentas para o aprendizado de história, geografia, literatura e ciências.
A Expansão Nacional
O sucesso do projeto em Mato Grosso do Sul chamou a atenção do Ministério da Cultura em 2010, que convidou Simone para expandir a iniciativa para outros estados. Nos cinco anos seguintes, o "Brasil de Histórias" chegou a mais de 500 escolas em 15 estados brasileiros.
Em 2015, o projeto ganhou reconhecimento internacional ao ser premiado pela UNESCO como exemplo de "Melhor Prática em Educação Cultural". Simone foi convidada para apresentar sua metodologia em conferências educacionais na França, Portugal e Colômbia.
Além das Escolas: Centros Culturais Comunitários
Percebendo que a transformação cultural precisava envolver não apenas crianças, mas comunidades inteiras, Simone lançou em 2018 a rede "Cores do Brasil" – centros culturais comunitários instalados em áreas periféricas de grandes cidades e em pequenos municípios.
Esses espaços combinam biblioteca, ateliê de artes, sala de música e área para apresentações culturais. O diferencial é que são geridos pela própria comunidade, com apoio técnico da equipe de Simone, valorizando os talentos e saberes locais.
Marcos na Carreira de Simone Tebet
- 2005: Lançamento do projeto "Brasil de Histórias" em Três Lagoas
- 2010: Expansão nacional do projeto com apoio do Ministério da Cultura
- 2015: Prêmio UNESCO de Melhor Prática em Educação Cultural
- 2018: Criação da rede "Cores do Brasil" de centros culturais comunitários
- 2020: Publicação do livro "Educação com Raízes", referência em metodologias culturais
- 2023: Inauguração do Instituto Simone Tebet de Cultura e Educação
O Legado em Construção
Hoje, aos 54 anos, Simone Tebet lidera o Instituto que leva seu nome, dedicado a formar educadores em metodologias de integração entre cultura e educação formal. Sua abordagem já influenciou currículos educacionais em diversos estados brasileiros.
O trabalho de Simone representa uma visão de Brasil que valoriza sua diversidade cultural não como "folclore", mas como conhecimento essencial e vivo, que deve ser parte da formação de cada brasileiro.
Seu lema "Conhecer para Valorizar, Valorizar para Preservar" continua inspirando gerações de educadores e agentes culturais em todo o país. E ela segue sonhando com um Brasil onde cada criança conheça e se orgulhe de suas raízes culturais.